Obras de Errico Malatesta
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Errico Malatesta foi um teórico e ativista anarquista italiano. Wikipédia
Nascimento: 14 de dezembro de 1853, Santa Maria Capua Vetere, Itália
Falecimento: 22 de julho de 1932, Roma, Itália
Formação: Universidade de Nápoles Federico II
Local de enterro: Campo di Verano, Roma, Itália
Influenciado por: Piotr Kropotkin, Mikhail Bakunin, Pierre-Joseph Proudhon, Élisée Reclus.
Acessado em 16 de novembro de 2020.
Errico Malatesta, (1853-1932)
o último teórico clássico do anarquismo
TEXTO DE (Mauro Cardoso): https://medium.com/@mauroncard/errico-malatesta-1853-1932-7e41081b11ed SITE: https://medium.com/
Acessado em 16 de novembro de 2020.
Nasceu perto de Nápoles, Itália, de uma família de classe média. Rebelde indomável com “60 anos de carreira” como agitador social, foi também grande escritor, talvez o que o francês Henri Bergson se referia ao dizer que:“Precisamos agir como homens de pensamento e pensar como homens de ação”.
Foi preso pela primeira vez aos 14 anos por escrever uma carta “insolente e ameaçadora” ao Rei Victor Emmanuel II da Itália reclamando de injustiças sociais. Cursou medicina por três anos, mas foi expulso por atuar nos movimentos estudantis republicanos da Universidade de Nápoles. Participou da Comuna de Paris, em 1871, onde trocou as ideias republicanas pelo anarquismo e se inscreveu na Internacional dos Trabalhadores, tornando-se discípulo e amigo do Mestre Bakunin.
Malatesta era uma figura muito popular e atraia “fãs” aos milhares pelo mundo afora. Incendiou as sociedades de países como Suíça, Espanha, Egito, Romênia, França, Bélgica, Inglaterra, Cuba, EUA e Argentina. Trabalhou como eletricista, mecânico e até vendedor de sorvete enquanto participava das insurreições e escrevia textos libertários. No total, passou 10 anos de sua vida como preso político.
Só voltou à Itália depois da 1a Guerra, sendo preso após participar, dentre outros, de ocupações de fábricas. Com a chegada de Mussolini ao poder, Malatesta foi processado por suas declarações antifascistas, mas já era muito conhecido e querido pelo povo para simplesmente ser preso ou executado. Teve um final de vida relativamente quieto, se sustentando como eletricista e morrendo em prisão domiciliar em Roma no ano de 1932.
Malatesta,sempre atual, demonstra lucidez,capacidade de prever o futuro e ceticismo quanto aos governos. Seus escritos se distinguiam pela visão aguçada da política e do comportamento humano, pelo uso do senso comum e uma profunda decência moral e amor pela humanidade. Como todo anarquista, seu maior alvo é o governo de qualquer ideologia: “O Estado é igual religião, só vale pra quem tem fé.”
Sobre os sindicatos:
Malatesta afirma que os sindicatos são apenas o meio e nunca o fim. Defendeu que os anarquistas devem fundar e participar dos sindicatos, mas que “qualquer anarquista que concordou em se tornar um funcionário permanente e assalariado de um sindicato está perdido para a causa”. Ele suspeita que o sindicato que não tem clara sua função vira um pseudopartido com as tendências autoritárias e hierarquizantes em relação aos que o procuram para reivindicar. Ao mesmo tempo, o sindicalismo tem por tendência cair no erro do oportunismo e conformismo social, ou na pura defesa de interesses particulares: “Sindicalismo é por natureza reformista”, ou, por vezes, conservador, exemplificando nos sindicatos dos EUA, onde trabalhadores qualificados às vezes se opunham aos trabalhadores não-qualificados, a fim de defender a sua posição mais privilegiada. Quando alguns queriam se afastar dos sindicatos conservadores para formar sindicatos revolucionários, Malatesta previu que estes iriam ser apenas “grupos de afinidade” burocráticos.
Sobre as lutas políticas:
Malatesta criticava a imposição de ideias de cima para baixo, o que fazia o povo “permanecer massa amorfa, incapaz de agir por si mesmo”, sempre fácil de dominar. “Enquanto pregamos contra todo tipo de governo e exigimos a liberdade completa, devemos apoiar todas as lutas por liberdades parciais, porque estamos convencidos de que aprendemos através da luta, e que uma vez que se começa a desfrutar de um pouco de liberdade terminamos querendo muito mais. Nós devemos sempre estar com as pessoas, e quando não conseguimos fazê-las exigir muito, ainda temos que levá-las a querer algo, e nos esforcemos para fazê-las entender que o muito ou pouco que vão exigir deve ser obtido por seus próprios esforços e que eles devem desprezar e detestar quem faz, ou aspira fazer parte do governo”. Sua frase mais famosa: “Nós, anarquistas, não queremos emancipar as pessoas, queremos que as pessoas se emancipem por elas.”
Sobre guerra e violência:
Comprometido com revoluções, Malatesta acreditava que a violência era parte triste mas necessária na fase negativa da destruição de formas opressivas. “É nossa aspiração que todos devem tornar-se socialmente consciente e eficazes, mas para atingir esse fim, é necessário fornecer todos os meios para o desenvolvimento, e, portanto, é necessário destruir com violência, já que não se pode fazer o contrário, a violência que nega esses meios aos trabalhadores.”
Mas a violência em si é inimiga da liberdade: “Se você diz que rejeita a violência quando ultrapassa a necessidade de defesa, vão te acusar de pacifismo, sem entender que a violência é a essência do autoritarismo, assim como o repúdio da violência é a essência do anarquismo.”
Em 1914, Malatesta já discordava de companheiros que se aliaram à França e Inglaterra na 1ª Guerra, vendo-a como uma simples luta entre dois bandos igualmente imperialistas. “não haverá vitória definitiva. Após uma longa guerra e uma enorme perda de vida e riqueza, ambos os lados vão se esgotar, algum tipo de paz será remendado deixando todas as questões em aberto, preparando-se assim para uma nova guerra mais mortífera do que a presente.”
Se opondo ao terror revolucionário e a ditadura do proletariado, Malatesta julga severamente os resultados da Revolução Bolchevique, que sepultou a experiência russa criando um Estado autoritário. “Alcançar o comunismo antes de anarquia, que é antes de ter conquistado a liberdade política e econômica completa, significaria (como significou na Rússia) estabilizar a tirania mais detestável, até o ponto onde as pessoas sentiriam falta do regime burguês, e para voltar mais tarde (como vai acontecer na Rússia) para um sistema capitalista, como resultado da impossibilidade de se organizar uma vida social suportável e como uma reação do espírito da liberdade, que não é um privilégio do “espírito dos latinos” como os comunistas tolamente me acusam de dizer, mas é necessidade do espírito humano tanto na Rússia quanto na Itália”.
Sobre Solidariedade:
Malatesta diz que é impossível a existência do indivíduo fora da sociedade e que qualquer atitude individual influencia direta ou indiretamente a sociedade, contrapondo o individualismo puro ao conceito de solidariedade. Coincide com Bakunin ao afirmar que “a emancipação individual não é possível sem a emancipação coletiva, mediante a solidariedade”.
Malatesta diz que um princípio básico da anarquia é a solidariedade voluntaria, um conceito natural e evolutivo. A cooperação foi a saída do estado de animalidade e o objetivo da conservação da espécie mediante a solidariedade é a base da nossa natureza moral. Destaca a aquisição da linguagem como fator vital para chegar à sociabilidade.
Apesar disto, vê uma ruptura na história, quando alguns homens descobriram que podiam explorar a solidariedade em benefício de uns poucos criando a submissão. Assim, a solidariedade deturpou-se na propriedade privada e no governo, que deveria desaparecer, para que a cooperação retorne a ser livre, voluntária e direta, desenvolvendo-se no seu mais alto grau: “solidariedade é o caminho da evolução humana; o princípio superior que resolve todos os antagonismos atuais, outrora insolúveis, e resulta na liberdade de cada um, que não será limitada, mas complementada, pela liberdade dos outros”.
Nota-se que solidariedade não implica sacrifício, como ele deixa claro: “Somos todos egoístas, todos nós buscamos satisfação própria. Mas o anarquista encontra sua maior satisfação na luta para o bem de todos, para a construção de uma sociedade em que ele pode ser um irmão entre irmãos, entre gente sã, inteligente, educada e alegre. Mas aquele que é adaptável, que está satisfeito em viver entre escravos e tirar proveito do trabalho deles, não é, nem pode ser, um anarquista.”
Sobre o governo:
Malatesta define o que é Anarquia: “… vem do grego, e significa, a rigor, “sem governo”: o estado de um povo sem uma autoridade constituída. Antes de ser considerada possível e desejável por toda uma classe de pensadores, a palavra anarquia foi universalmente usada no sentido de desordem e confusão, e ainda é pelos ignorantes e adversários interessados em distorcer a verdade. Ao convencer o público que o governo não é apenas desnecessário mas extremamente prejudicial, a palavra anarquia virá a significar: a ordem natural, a unidade entre necessidade humana e o interesses comum, e a completa liberdade dentro mais completa solidariedade.”
Malatesta rejeita a definição de Estado como sendo conexões e organizações sociais (a própria sociedade), para que a anarquia não fosse entendida como desintegração social. Ele reserva a palavra “Estado” para significar “o conjunto de todas as instituições políticas, legislativas, judiciais, militares e financeiras, por meio das quais a gestão dos próprios assuntos, a orientação da conduta pessoal e a garantia da segurança são tomadas do povo e entregue a certos indivíduos, e estes, por usurpação ou delegação, adquirem o direito de fazer leis para todos, obrigando o público a respeitá-las, fazendo uso da força coletiva para esse fim.” Para evitar confusões, troca “abolição do Estado” por “abolição do governo”.
Faz duras críticas ao processo eleitoral: “Sob o sufrágio universal, os eleitos são aqueles que sabem a melhor forma de manipular as massas, gerando vencedores (com o cinismo da metade mais um) e vencidos.” E critica também as democracias representativas: “Em todos as épocas e lugares, seja qual for o nome, a origem, ou a organização do governo, sua função essencial é sempre a de oprimir e explorar as massas, e de defender os opressores e exploradores. Suas características e instrumentos principais são o oficial de justiça e o cobrador de impostos, o soldado e a prisão. E a estes, é necessário acrescentar o sacerdote e o educador, quando for o caso de serem apoiados e protegidos pelo governo, para tornar o espírito do povo servil e torná-los dóceis na submissão.”
Sobre a liberdade:
Para Malatesta, a base fundamental do método anarquista é a liberdade, sendo o povo mesmo que decide o que fazer e quando fazê-lo: “Liberdade para todos … com o único limite da liberdade igual para os outros, o que não quer dizer que reconheço, ou deva respeitar, a “liberdade” para explorar, oprimir e comandar, o que seria opressão e, certamente, não é liberdade.”
“Aos anarquistas cabe a missão especial de serem os guardiões zelosos da liberdade, contra os aspirantes ao poder e contra a possível tirania da maioria” e faz um alerta: “Se algumas pessoas … assumiram o direito de violar a nossa liberdade, sob o pretexto de nos preparar para o triunfo da liberdade, eles sempre irão achar que as pessoas ainda não estão suficientemente maduras, que os perigos da reação estão iminentes, que a educação do povo ainda não foi concluída. E com essas desculpas que eles vão buscar a perpetuação no poder.”
Sobre utopia:
Malatesta explica que vários acreditam no ideal anarquista: “Espírito anarquista é o profundo sentimento humano que busca o bem, a liberdade e justiça para todos, solidariedade e amor entre as pessoas; o que não é uma característica exclusiva apenas de anarquistas autodeclarados, mas inspira todas as pessoas que têm um coração generoso e uma mente aberta.”
Entretanto ele alerta que acreditar na idéia não é suficiente e que os verdadeiros anarquistas devem se preocupar com os meios e formas de implementá-la: “Para o anarquismo avançar para o seu sucesso, deve ser considerado não apenas como um farol que ilumina e atrai, mas como algo possível e atingível, não em séculos vindouros, mas em um relativo espaço de tempo curto e sem esperar por milagres”. “O ótimo é inimigo do bom, diz o provérbio: vamos fazer o que podemos, assumindo que não podemos fazer tudo que queríamos; mas temos sempre que fazer algo”.
Ele rejeita quem critica o Anarquismo como sendo utópico e distante: “Anarquia tem seu ponto de partida na igualdade de condições, o seu farol é a solidariedade e a liberdade é o seu método. Não é a perfeição ou ideal absoluto, como um horizonte que se afasta quando nos aproximamos, mas é o caminho aberto para todo o progresso, para o bem de todos.” “Anarquia não virá senão de grão em grão – devagar, crescendo em intensidade e extensão. A questão não é se vamos conseguir o Anarquismo hoje, amanhã ou em dez séculos, mas que caminhemos para o anarquismo hoje, amanhã e sempre.”
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